sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Dicas de anime- GENOCYBER!

Genocyber
Produção: Artmic, Bandai Visual, 1993
Criação: Tony Takezaki
Exibição no Brasil: Manchete
Distribuição: Premiere/grupo paris filmes (U.S. Mangá)
Disponível em: VHS
ou dvd
Por Tema-kura
Há duas palavras que podem descrever perfeitamente o anime Genocyber: estranho e violento. E essa segunda característica é, sem sombra de dúvida, a que mais marca a quem assiste à série de OVAs. Produzido em 1993 pela Artmic (a mesma de Battle Skipper e Bubblegum Crisis), Genocyber é o anime mais violento já exibido ao longo desses mais de 50 anos da tv no Brasil. Nem A Lenda do Demônio, que deu o que falar por sua dose extremamente exagerada de sexo grotesco e violência consegue ser tão perturbador.
A violência do anime não está simplesmente nas cenas de derramamento de sangue, mas sim nos corpos explodindo, carbonizando e sendo fatiados. Tripas, coração, pulmões, vísceras, membros… Tudo que faz parte do corpo humano voa pelos ares com uma facilidade impressionante. Tem horas que o espectador se pergunta: “Será que não tem outra forma de morrer não? Por que todo mundo tem que explodir ou ser fatiado em pedaços?”. A coisa chega ao ponto de ficar gratuíta demais, e o anime parece querer esconder as falhas do roteiro com cenas de chocar, e desviar a atenção do espectador. E consegue.
A história
Genocyber possui 5 episódios, os quais contam 3 histórias que podem ser divididas em “arcos”.

A primeira história é contada no primeiro OVA, com pouco mais de 40 minutos de duração. A “trama” se passa em Hong Kong, onde um laboratório está criando uma nova arma a ser usada pelo governo. O experimento tem como objetivo despertar a energia ‘Bajura’, uma espécie de cosmo/ki fodônico que todo mundo tem dentro de si.
Tal energia pode ser manipulada e despertada usando-se uma máquina chamada Mandala. Em tais experiências, são usadas as irmãs Helen e Diana (também pensei em Spielvan na hora XD), filhas do cientista Prof. Morgan, que começou o projeto e foi morto “misteriosamente” (claro que é pelo assistente invejoso, né? É igual ao mordomo, a culpa sempre é dele) enquanto desenvolvia a pesquisa. Treze anos depois o projeto é concluído, só que Helen, a “cobaia” mais nova, foge do laboratório e passa a viver com um garoto de rua. Mas os cientistas sabem que sem Helen, os poderes de Diana são fracos demais, e precisam das duas unidas pra dar vida a um novo ser que possui uma quantidade fenomenal de energia ‘Bajura’.
Esse primeiro episódio (que é praticamente uma história fechada) foca na busca de Diana (que tem um corpo ciborgue de última geração) pela irmã Helen (que aliás, não conversa e age como um animalzinho.. Inclusive o cabelo nos faz pensar que ela cresceu mesmo no mato ou algo assim… =P). A verdade é que Helen tem um poder ‘Bajura’ maior que o da irmã que, com inveja, aproveita a oportunidade pra matá-la e ficar com a atenção do pai (o tal assistente que assumiu o projeto Genocyber e agora é o cientista principal) só pra ela.
E é só. A história é corrida, personagens aparecem por aparecer, como o detetive que investiga o caso da morte do pai das garotas e na verdade só serviu pra morrer brutalmente (com o corpo literalmente aberto), ou o garoto de rua que se torna amigo de Helen, além dos seres mecânicos esquisitos que também estão atrás da garota.
É tanto personagem inútil que se fossem desenvolver a trama daria pra fazer uma novela. A relação entre o moleque e Helen também fica no plano de fundo, tudo pra dar motivo pra cabeças explodirem e tripas se espalharem pelo chão. No final do capítulo, de uma forma totalmente bizarra e sem nexo (mais forçado que o final de Detonator Orgun… Peraê, forcei a barra, nenhum final é tão ruim XD) as duas irmãs acabam se fundindo, dando vida assim ao Genocyber, uma mistura de gárgula com o capeta e que só quer sair por aí explodindo tudo e soltando gritinhos histéricos/assustadores. E o bichão adora fazer um estrago, tanto que pulveriza Hong Kong em um piscar de olhos. E é mais espaço pra gente explodir e pedaços de corpos voarem.
O segundo arco engloba os episódios 2 e 3, cada um com aproximadamente 30 minutos de duração. Dessa vez, Helen vai parar em um porta aviões que está se dirigindo para uma guerra contra um país fictício chamado Karain. E lá a menina passa a ser cuidada pela enfermeira do navio. A mulher se apega à garota e passa a chamá-la de Lola, o nome de sua filha que morreu em um acidente aéreo (aliás, adivinhem quem causou o acidente?).
Só que a bordo, também tinha uns malucos que também estavam desenvolvendo experimentos de um humanoide que também usa a força ‘Bajura’. O tal experimento, que foi criado pra ser o piloto de guerra perfeito, fica doidex com a presença da garota (de alguma forma ele se sente ameaçado por ela) e, com a ajuda de seu criador, toma o porta aviões tornando-os parte do seu corpo (mas, não antes de levar uma surra do Genocyber, afinal, estava faltando sangue nesse episódio). A batalha final entre os dois é rápida e sem graça. Você tem a impressão que foi lesado. É quase a mesma coisa do que comprar uma Ultra Jovem pra saber tudo do anime da capa e depois perceber que ela só tem serventia se você for recortar as figuras. XD
Os episódios 4 e 5 cobrem o último arco da história, e é também o mais chato (isso se você conseguiu aguentar até aqui!!). Dois namorados, Mel e Ryu vão pra cidade de Grande City (@_@) buscar a cura para a cegueira da garota, que por seu estado, possui poderes paranormais. Grande City é um lugar onde a lei é levada às últimas consequências pelo Prefeito e os moradores são punidos com a morte a qualquer deslize (mais cabeça estourando!!!).
Ryu acaba matando um homem por acidente, e na fuga com Mel, os dois caem nos subterrâneos da cidade, onde conhecem um pastor (que é a cara da figura popular de Jesus Cristo – só que com bigode) que está pregando aos pobres que lá moram a vinda de Deus, o qual segundo ele, punirá o homem de todos os maus. Nem preciso dizer que Mel e sua misteriosa força paranormal desperta o Genocyber, e este pulveriza tudinho em pouco mais de 5 minutos em que aparece no anime (e só no final!). Aí então, o anime acaba de uma forma esquisita, sem graça, sem sentido, e principalmente: forçada. Do nada a garota volta a enxergar e finalmente o Genocyber morre (em um satélite @_@). Já contei o final porque é tão ruim que é um favor!
A história (ou as histórias?) transcorre de um jeito rápido demais em alguns pontos (como o primeiro capítulo, onde não consegue desenvolver nada da trama – nem a criação das duas garotas convence) e torna-se arrastada demais nos episódios seguintes, fazendo com que quem assista perca o interesse rapidinho (Flint, o Detetive do Tempo inexplicavelmente faz a mesma coisa XD). É um daqueles animes em que você não precisa prestar atenção em nada, pois nada daquilo fará diferença lá na frente. Um dos grandes problemas é não ter um começo, meio e fim definidos. O que importa é o sangue e as tripas, o resto é só pra dar um clima.
Mal adaptado?
Genocyer foi originalmente concebido por Tony Takezaki, que já havia trabalhado pra Artmic nas séries A.D. Police (um spin off de Bubblegum Crisis). Tony (aliás, isso é um apelido, já viu nome de japa assim??) foi o responsável pelo mangá, publicado no Japão na mesma época em que o primeiro OVA chegou às lojas. A publicação, que tinha algumas diferenças da versão animada (na verdade, só o conceito de duas garotas que viram um monstro foi mantido) só rendeu um volume encadernado. A versão animada, pegou como base a concepção de Takezaki (que só assina o character design da versão anime), mas a história ficou a cargo de Kouichi Ohata (que assina a direção e já trabalhou na produção de séries como Gunbuster, MD Geist, Gundam entre outras dezenas). Ohata pareceu não estar muito entusiasmado com a ideia, pois não se esforçou nem um pouco pra que a coisa saísse menos sem sal.

No Brasil
Genocyber foi a segunda série exibida dentro do U.S. Mangá da Rede Manchete. Trazido pro Brasil pela Premiere, o anime deu muito o que falar entes mesmo da estreia.

Todo mundo se lembra bem do falatório que se deu em torno da violência de Yu Yu antes mesmo do anime estrear. Só que o detalhe é que a Manchete havia enviado Genocyber pro Ministério da Justiça avaliar. Quando viram tanta tripa e membros esquartejados, os cartolas ficaram maluquinhos, afinal, onde já se viu um desenho animado mostrar gente explodindo a cada 2 minutos? Mesmo assim, a emissora recebeu carta branca pra exibir o anime, desde que cortasse as cenas consideradas impróprias. Só que o anime tinha taaaantas cenas de violência explícita que se cortassem tudo ele ficaria mais sem sentido do que já é (e digam: sem graça, né? O treco já é ruim, imagina se cortarem o maior “atrativo”)!
Inexplicavelmente Genocyber foi ao ar com muitos cortes, é verdade, mas muuita coisa permaneceu intacta, o que o fez dele, mesmo com a tesoura rolando solta, o anime mais violento a dar as caras no Brasil.
Genocyber acabou sendo lançado em vídeo em meados de 97 pela Premiere, junto de Detonator Orgun e Zeoraymer. Só que muita gente achou que foi lesado. Motivo: aparentemente saltaram o capítulo 3 e foram direto pro quarto. A verdade é que a Manchete uniu os episódios 2 e 3 em um e o 4 e 5 em outro, pra ficarem com 1 hora e poderem ser exibidos no U.S. Mangá. Ou seja, a lenda de que a Premiere não trouxe os capítulos 3 e 5 é infundada. A distribuidora cometeu sim, seus deslizes (vários animes vieram faltando partes), mas não foi o caso.
Curiosamente, a Manchete anunciava Genocyber nas chamadas como se o bicho fosse um novo super herói. E cá entre nós, “ele” (é estranho falar isso, visto que a coisa são duas garotas…) está longe disso, afinal, só aparece mesmo pra promover sua chacina habitual. Quem curtiu A Lenda do Demônio vai estar no paraíso.

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